A quebra de estruturas a que assistimos em Portugal, tem a base assente em valores culturais egocêntricos e egoístas aos quais todos nos habituamos a ver desde que nos conhecemos como gente. Temos no sangue uma cultura cheia de histórias de corrupção, fuga a impostos, vidas de aparências e posições socialmente incorrectas. Depois olhamos para os povos do norte da Europa com admiração, quando lemos que eles sentem como dever (não como obrigação) o pagamento de impostos porque estão a contribuir para todos, quando os seus deputados não têm regalias ou quando os seus gestores públicos ganham menos do que os nossos, mas a sua classe trabalhadora ganha muito mais do que a nossa.
Lia outro dia, uma história de uma portuguesa a viver na Holanda que dizia que as crianças tinham uma educação na qual eram mal vistas se chegassem ao final do ano com os cadernos ou os livros em mau estado, porque não os podiam utilizar no ano seguinte ou passar a outros alunos. E desenganem-se se pensam que estamos a falar de famílias carênciadas, pelo contrário.
Ou seja, todos trabalham para o bem de todos. Todos contribuem, porque sabem que assim todos têm acesso a melhor qualidade de vida. É disto que se trata, de uma mudança estrutural sim, mas de valores, de conceitos, de que todos estamos interligados e de que todos temos de ser socialmente responsáveis.
Talvez esta crise seja o início de tudo, talvez a "casa esteja em obras" para dar lugar a um espaço mais harmonioso, mais equilibrado, mais justo. Tenho pra mim, que isso só irá acontecer daqui a 3 ou 4 gerações, mas que lá chegaremos... um dia.
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