A minha aventura começou quando a viagem teve de ser adiada 2 vezes por causa dos furacões…estávamos em Agosto. Em Setembro, tinha mesmo de ser, era a ultima data da formação e a não ser que estivesse um furacão em Tampa, não podíamos adiar mais. Dia 16 de Setembro de 2004, tinha de estar na Florida. (Por acaso estava o furacão Ivan a ameaçar a costa da Florida).
Dia 14 às 17h estava no Porto, na empresa com uma funcionária da Halcon ao telefone que me dizia: “Ora bem, tenho voo Frankfurt – Washington – Tampa, mas não tenho vagas para Porto-Frankfurt…, ou então posso mandá-la (aqui já começava a sentir-me encomenda a despachar) via Londres – Cincinnati e… espere, não tenho lugar para a volta…”, quando eu já estava a pensar que já não ia… Eis que “espere, espere encontrei e há lugares em todos os voos: Porto – Paris – Altlanta – Tampa, esteja no aeroporto às 6h da manhã. Boa Viagem!”
Cheguei a Paris e tinha apenas 1h de diferença entre voos (parece muito, mas tentem percorrer o Charles De Gaule e vêm a horinha reduzida a 10 minutos). Como não falo ponta de francês (talvez fale, mas só mesmo a ponta), perguntava em inglês onde era a porta de embarque xpto. Mas os franceses são mesmo muito brutos e antipáticos… Mon Dieu.
Lá encontrei a porta de embarque e depois de apresentar os documentos, já quando ia passar a porta para ir para o autocarro (nada de mangas, o avião estava longe como o raio), tinha dois policias a fazer-me perguntas: onde vai, fazer o quê, quando volta, deixou a bagagem de mão sozinha…etc, tudo com um ar de quem me ia bater a seguir. Os nervos nesta altura já eram mais que muitos e ao olhar para aquela senhora polícia só me apetecia gritar: MÃEEEE, NÃO QUEROOO IRRRRRRR. BUÚUÁÁÁÁ.
E eis que ela me pergunta: Do you have visa? (silêncio mental) What? (aqui o meu cérebro bloqueou, eu que até sei falar inglês fluentemente e tenho vocabulário para dar e vender) VISA??? Será que ela quer o meu cartão de crédito? Tá maluca a mulher, só pode! Eu a medo lá lhe perguntei se ela queria o meu cartão de credito (LOOOOL) e ela ficou ainda mais zangada!!! No, I just want to know if you have visa! O cérebro desbloqueou e eu lembrei-me que era visto que a senhora queria dizer. Dahhh!
Lá me deixou passar e aí começo a pensar no 11 de Setembro… entro no autocarro e dou de caras com uma burca. Só com a burca porque a mulher que ia lá dentro, eu não via. Uma burca de olhos ameaçadores. Eu pensei: Oh não! Ela está com um olhar de ódio (claro que devia ser só na minha imaginação, mas estava mesmo com ar de quem ia fazer explodir o avião)…
Entro no avião, a hospedeira indica-me a direcção do lugar e quando lá chego, vejo que vou ter de fazer a viagem sentada ao lado de… pois é… um argelino, ou marroquino ou qq outro acabado em ino, mas era mulçumano. PÂNICO GERAL! Começo a fazer contas de cabeça: companhia aérea americana, tripulação americana, muitos americanos… AHHHHHH! VOU MORRER! Já estava a imaginar o senhor (muito simpático por acaso) a tirar uma metralhadora debaixo do banco e a dizer: Em nome de Alá!
O avião começou a mover-se para se fazer à pista e as lágrimas caíam-me pela cara abaixo enquanto olhava pela janela e pensava: ADEUS MUNDO CRUEL! (Parece exagero, eu sei, mas o pânico que a nossa mente cria, provoca mesmo estas coisas.)
A primeira meia-hora passou e nada aconteceu, distribuíram as refeições e nada… mas eu estava sempre tensa e atenta a todas as movimentações estranhas (apresento-vos CSI Raquel!), fui vendo os filmes no ecrã do banco da frente e lá consegui relaxar um pouco.
Nove horas depois, aterrava em Atlanta! VIVA! Woowooo! Quando finalmente descomprimi só conseguia chorar enquanto ligava para casa e para o namorado… Buaaaa!
Cerca de duas horas depois aterrava em Tampa na Florida e só aí tive noção de que estava mesmo do outro lado do mundo, em pleno golfo do México e no país onde todos os sonhos têm lugar! Aaaaacthimmmm.... é verdade, mas com uma gripe!
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