sexta-feira, 18 de dezembro de 2009

Pânico a Bordo



Em 2004, tive de ir aos EUA em trabalho. A ideia foi recebida com euforia claro, mas depois comecei a ficar incomodada com o facto de ir sozinha. Ainda tentei dissuadir o namorado da altura, mas era impossível ir naquelas datas… paciência.
O pós 11 de Setembro, deixou algumas marcas nas nossas cabeças e foi um excelente motivo para fazer filmes daqueles que só acontecem na nossa cabeça.

A minha aventura começou quando a viagem teve de ser adiada 2 vezes por causa dos furacões…estávamos em Agosto. Em Setembro, tinha mesmo de ser, era a ultima data da formação e a não ser que estivesse um furacão em Tampa, não podíamos adiar mais. Dia 16 de Setembro de 2004, tinha de estar na Florida. (Por acaso estava o furacão Ivan a ameaçar a costa da Florida).

Dia 14 às 17h estava no Porto, na empresa com uma funcionária da Halcon ao telefone que me dizia: “Ora bem, tenho voo Frankfurt – Washington – Tampa, mas não tenho vagas para Porto-Frankfurt…, ou então posso mandá-la (aqui já começava a sentir-me encomenda a despachar) via Londres – Cincinnati e… espere, não tenho lugar para a volta…”, quando eu já estava a pensar que já não ia… Eis que “espere, espere encontrei e há lugares em todos os voos: Porto – Paris – Altlanta – Tampa, esteja no aeroporto às 6h da manhã. Boa Viagem!”


Claro que não dormi nada, a excitação misturada com um ligeiro medo não me deixou descansar, mas who cares, tinha mais do que tempo para dormir. Não era medo de voar, porque já tinha andado de avião várias vezes e confesso que adoro e se pudesse andava todos os dias.. mas Estados Unidos… sozinha… não sei não.


Cheguei a Paris e tinha apenas 1h de diferença entre voos (parece muito, mas tentem percorrer o Charles De Gaule e vêm a horinha reduzida a 10 minutos). Como não falo ponta de francês (talvez fale, mas só mesmo a ponta), perguntava em inglês onde era a porta de embarque xpto. Mas os franceses são mesmo muito brutos e antipáticos… Mon Dieu.


Lá encontrei a porta de embarque e depois de apresentar os documentos, já quando ia passar a porta para ir para o autocarro (nada de mangas, o avião estava longe como o raio), tinha dois policias a fazer-me perguntas: onde vai, fazer o quê, quando volta, deixou a bagagem de mão sozinha…etc, tudo com um ar de quem me ia bater a seguir. Os nervos nesta altura já eram mais que muitos e ao olhar para aquela senhora polícia só me apetecia gritar: MÃEEEE, NÃO QUEROOO IRRRRRRR. BUÚUÁÁÁÁ.

E eis que ela me pergunta: Do you have visa? (silêncio mental) What? (aqui o meu cérebro bloqueou, eu que até sei falar inglês fluentemente e tenho vocabulário para dar e vender) VISA??? Será que ela quer o meu cartão de crédito? Tá maluca a mulher, só pode! Eu a medo lá lhe perguntei se ela queria o meu cartão de credito (LOOOOL) e ela ficou ainda mais zangada!!! No, I just want to know if you have visa! O cérebro desbloqueou e eu lembrei-me que era visto que a senhora queria dizer. Dahhh!


Lá me deixou passar e aí começo a pensar no 11 de Setembro… entro no autocarro e dou de caras com uma burca. Só com a burca porque a mulher que ia lá dentro, eu não via. Uma burca de olhos ameaçadores. Eu pensei: Oh não! Ela está com um olhar de ódio (claro que devia ser só na minha imaginação, mas estava mesmo com ar de quem ia fazer explodir o avião)…

Entro no avião, a hospedeira indica-me a direcção do lugar e quando lá chego, vejo que vou ter de fazer a viagem sentada ao lado de… pois é… um argelino, ou marroquino ou qq outro acabado em ino, mas era mulçumano. PÂNICO GERAL! Começo a fazer contas de cabeça: companhia aérea americana, tripulação americana, muitos americanosAHHHHHH! VOU MORRER! Já estava a imaginar o senhor (muito simpático por acaso) a tirar uma metralhadora debaixo do banco e a dizer: Em nome de Alá!


O avião começou a mover-se para se fazer à pista e as lágrimas caíam-me pela cara abaixo enquanto olhava pela janela e pensava: ADEUS MUNDO CRUEL! (Parece exagero, eu sei, mas o pânico que a nossa mente cria, provoca mesmo estas coisas.)


A primeira meia-hora passou e nada aconteceu, distribuíram as refeições e nada… mas eu estava sempre tensa e atenta a todas as movimentações estranhas (apresento-vos CSI Raquel!), fui vendo os filmes no ecrã do banco da frente e lá consegui relaxar um pouco.

Nove horas depois, aterrava em Atlanta! VIVA! Woowooo! Quando finalmente descomprimi só conseguia chorar enquanto ligava para casa e para o namorado… Buaaaa!


Cerca de duas horas depois aterrava em Tampa na Florida e só aí tive noção de que estava mesmo do outro lado do mundo, em pleno golfo do México e no país onde todos os sonhos têm lugar! Aaaaacthimmmm.... é verdade, mas com uma gripe!

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